quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Aprendizagem



                                                          APRENDIZAGEM

        Sabe-se que a aprendizagem inicia com a capacidade de identificar objetos, símbolos e sons e prossegue, imediatamente, com o desenvolvimento da linguagem.
      A linguagem visa alcançar o conhecimento da cultura na qual cada um de nós está inserido e, dessa maneira, sistematizar o processo formal de aprendizagem.
      De acordo com Vygotsky (1978)," todas as funções psicológicas superiores são geradas na cultura da nossa aprendizagem e respondem não só a um desenho genético, mas principalmente a um desenho cultural. Assim, em observação ao nosso sistema orgânico e psíquico, somos 'projetados' para captarmos de forma rápida, clara e concisa as informações acerca da nossa cultura, bem como seus usos e costumes."
       Tendo em vista que cada pessoa é unica e possui experiências pessoais próprias, a aprendizagem torna-se um processo exclusivo e diferenciado para cada ser humano. Entretanto, considera-se que existem esquemas gerais de aprendizagem (sistema orgânico) que possibilitam o trabalho das escolas e dos estudos científicos. Vale destacar que a capacidade de simbolização e conceituação (aprendizagem propriamente dita) é específica do ser humano. 
      As experiências pelas quais o indivíduo passa podem ser organizadas em cinco níveis hieráriquicos, conforme sua complexidade, sendo que cada uma destas experiências está vinculada à vivência do nível anterior.
        De acordo com Fernandèz (1991), "a aprendizagem baseia-se em hierarquia de experiências, dá-se em espiral dialética, com funções superpostas e interligadas."  Nesta escala, em ordem crescente de complexidade, o processo de aprendizagem necessita passar pela sensação, percepção, formação de imagens, simbolização e conceituação.
  
SENSAÇÃO - é o nível mais primitivo do comportamento, referindo-se unicamente à ativação de estruturas sensoriais. Esse mecanismo é colocado em ação a partir dos cinco sentidos: visão, audição, olfato, tato e paladar. Cada sentido desenvolve-se de acordo com a idade mental de cada indivíduo, como também sua estrutura cerebral. 

PERCEPÇÃO -  está relacionada à interpretação do estímulo e preparação de resposta. A eficiência da percepção depende de que o aparato neurológico seja capaz de converter, adequadamente, as sensações em impulsos elétricos. Apesar de ser um comportamento neurologicamente superior à sensação, do ponto de vista psicológico é, ainda, extremamente rudimentar. No entanto, é baseado na percepção que o indivíduo irá formar imagens.
 
FORMAÇÃO DE IMAGENS -  refere-se aos processos de memória já que corresponde a um registro de aspectos das experiências vividas. As imagens formadas não se restringem apenas ao nível visual; são registros de percepções oriundas de quaisquer dos órgãos dos sentidos, tais como os sons sociais não verbais (ruídos de automóveis e máquinas, vozes de animais, etc), odores característicos de diversas coisas, os sabores típicos dos diferentes alimentos, texturas de objetos, assim como também a percepção social, ou seja, expressões faciais e corporais percebidas em várias situações. 

SIMBOLIZAÇÃO - essa habilidade é exclusiva do ser humano e corresponde à capacidade de representar uma experiência de forma verbal ou não verbal. As simbolizações não verbais verificam-se através de símbolos visuais ou auditivos, em manifestações artísticas, musicais, religiosas e patrióticas, incluindo as capacidades de avaliar e recordar situações, emitindo julgamentos do tipo: perto – longe – grande – pequeno – alto – baixo – cheio – vazio – depressa – devagar, etc. As simbolizações verbais estão relacionadas a palavras. O ser humano apresenta três sistemas verbais: falado, escrito e lido. Tanto na história da espécie como no desenvolvimento de cada indivíduo, o primeiro destes sistemas a se instalar é o falado. A maturidade psiconeurológica aqui exigida é menor do que nos sistemas lido e escrito. Algumas modificações relativas a estes sistemas verbais podem ser observadas em circunstâncias especiais, como a linguagem de sinais utilizada pelos surdos (libras) ou o Braille, código de escrita utilizado pelos cegos. A conquista da habilidade de simbolizar abre caminho para o domínio da conceituação.

CONCEITUAÇÃO - é o nível mais complexo do processo mental, o qual capacidades de abstração, classificação e categorização. É preciso observar que conceituar e abstrair não são sinônimos. A abstração contrapõe-se à concretização, pressupondo um maior grau de distanciamento em relação a uma circunstância observável. Ainda assim, a experiência abstraída pode ser e em algum momento certamente foi observada. No entanto para conceituar, também é necessário classificar e categorizar.

Fontes:
SOARES, Dulce Consuelo R. O Cérebro x Aprendizagem. Disponível em http://www.profala.com/arteducesp67.htm
FERREIRO, E.; TEBEROSKY, Ana. Psicogênese da língua escrita. Buenos Aires. Art Méd: 1979
FERNÀNDEZ, A. A Inteligência Aprisionada – abordagem psicopedagógica clínica da criança e sua família. Porto Alegre. Art Med, 1991.
PIAGET, Jean. Biologia e Conhecimento. 2ª Ed. Vozes : Petrópolis, 1970.
POLLACK, Robert. Signos da vida. A linguagem e os significados do ADN. Rio de Janeiro: Rocco, 1997.
VYGOTSKY, L. A Formação Social da Mente; [organizadores Michael Cole... [et all; tradução José Cipolla Neto, Luís Silveira Menna Barreto, Solange Castro Afeche] – 5ª edição São Paulo: Martins Fontes, 1978.

           

Fonte da Consulta:

Aprendizagem - Educação e Psicopedagogia - InfoEscola

www.infoescola.com › Educação

Enviado por Loici de Lourdes Pontalti

 


Adolescência


                                                                        SÍNDROME DA ADOLESCÊNCIA NORMAL 
 
         Maurício Knobel (Professor emérito pela UNICAMP. Professor de Psiquiatria Geral da Infância e Adolescência) aponta que  “fazem já mais de trinta anos fiz a proposta de considerar o que denominei a “Síndrome da Adolescência Normal” (Knobel, 1962; Aberastury e Knobel, 1992). Posteriormente, esta definição psicodinâmica e cognitiva apareceu para nós como o resultado lógico da elaboração de ‘lutos’ próprios desta fase evolutiva. Assim, o luto pela “infância” perdida através de lutos pelo corpo infantil perdido na família e na sociedade e o luto pelos pais da infância que já não mais realmente existe, necessitam ser elaborados. (Aberastury e Knobel, 1992; Aberastury, Knobel e Rosenthal, 1972). Elaboração de lutos só pode ser feita quando o sujeito, de qualquer idade, passa por estados depressivos. Na adolescência, também observamos este processo, só que, devo acrescentar aqui, que considero que por estes mesmos motivos, os adolescentes vivem numa depressão constante, aparentemente muitas vezes mascarada e, também, normalmente, com claros traços psicopáticos que aparecem das maneiras mais diversas na expressão de condutas contraditórias descritas na “síndrome da adolescência normal”. Eis aí que já temos “depressão” e “psicopatia”, como expressões psicopatológicas na adolescência, que dependendo da intensidade e do comprometimento do self, podem ser “normais” ou “patológicas”.
        Knobel comenta: "...há indivíduos biopsicossocialmente doentes de agressividade. Pessoalmente e pela minha experiência, considero que o “Estatuto da Criança e da Adolescência” apresenta uma necessária proteção destas criaturas, mas acabou por extrapolar num excesso de impunidade e estímulo à delinquência. Acabou sendo um instrumento demagógico e em parte antissocial. Hoje o “menor” se sabe amparado pela lei da impunidade. Os juizados de menores estão restritos nas suas possibilidades de fazer justiça quando um adolescente criminoso e ciente de sua atividade antissocial, responsável, fica protegido por uma lei baseada na cronologia do delinquente. As delegacias dos menores, já bem escassas e sem recursos humanos treinados, e a ameaça de aparecerem como brutais agressores, tornaram-se um componente psicologicamente punitivo, considerando que, logicamente, sem ordem judicial, nada poderão fazer. Vemos cenas de televisão nas quais as crianças e adolescentes assaltam, roubam, agridem frente às câmeras televisivas e aos transeuntes que só as assistem amedrontados...O perigo que eu enxergo é que frente a tanta impunidade desnecessária, voltem as restrições brutais e indiscriminadas. Já estamos sabendo dos chamados “grupos de extermínio” ou dos “justiceiros”.
        Não se trata aqui de justificar essas falhas de nosso sistema, que peca em protecionismo,  muitas vezes só demagógicos, mas alertar sobre muitos casos de “responsabilidade” na conduta agressiva de crianças e adolescentes, que são também as que entram na droga e no tráfico de drogas, não poucas vezes cientes de sua impunidade legal. Isto nos leva a insistir na necessidade da formação de recursos humanos muito bem preparados para lidar com crianças e adolescentes, com conhecimentos da psicopatologia, da dinâmica familiar e social, e especialmente de procedimentos terapêuticos adequados à nossa realidade.
       "A evolução rápida dos costumes e a maior liberdade da exteriorização dos pensamentos e sentimentos dos jovens, concorrem para que os pais, para não serem qualificados de “quadrados”, cedam cada vez mais a certas imposições dos filhos, muitas vezes irreverentes”. Acrescenta que “tais pais concorrem para desenvolver uma “familite” extremamente prejudicial à formação de uma personalidade sadia.” (Miller de Paiva, 1980). Este outro conceito de “familite” ajuda na formação de um Super-ego brutal, submisso aos desejos e imposições familiares e gerador também de não poucas condutas extremamente violentas. As estruturas familiares exageradamente rígidas e as extremamente permissivas (por desestruturação ou como formação reativa), levam seus adolescentes a recalcar seu ódio, ainda que precariamente, e a procurar uma identificação introjetiva de rigidez violenta, que pode  estourar na psicopatia mais violenta. O medo ao aniquilamento, ou seja, à desintegração psicótica pode obrigar, como defesa, a reestruturações psicóticas e as graves patologias.” (Bleger, 1977).

Fonte de consulta:

Normalidade, responsabilidade e psicopatologia da violência na Adolescência.

M Knobel, D LEVISKY - LEVISKY, DL Adolescência e violência: …, 1997 - davidleolevisky.com
http://davidleolevisky.com/livros/livros/Adolescencia%20e%20violencia%20-%20consequencias%20da%20realidade%20brasileira/capitulo%20IV%20-%20Normalidade,%20Responsabilidade%20e%20Psicopatologia%
20da%20Viol%EAncia%20na%20Adolesc%EAncia.pdf

Enviado por Loici de Lourdes Pontalti
 

MAPA CONCEITUAL

    



   "Como desenvolver a concentração dos alunos durante as aulas para favorecer sua aprendizagem?"
       Esta pergunta provocou em nós, professores, a necessidade de refletirmos sobre as diversas variáveis envolvidas no processo ensino-aprendizagem de alunos dos anos/séries finais do ensino fundamental. Dentre as variáveis, citamos a adolescência, fase pela qual estão passando tais alunos, e que, por si só, já tem características e peculiaridades específicas. Junto a isso, também destacamos que cada aluno está vinculado a uma família, num contexto sóciocultural, ético e moral, com a tecnologia fazendo parte desta dinâmica. Ante o exposto, torna-se valioso proporcionar que os adolescentes construam seu conhecimento e acreditem que são sujeito de sua aprendizagem. Para isso, cabe ao professor estabelecer estratégias  que desencadeiem tal processo.
       A fim de nortear nosso trabalho de pesquisa e discussão, construímos um mapa conceitual dos aspectos que consideramos fundamentais relacionar, conforme apresentamos a seguir: 



       Consideramos importante salientar que os conceitos destacados no mapa conceitual foram retirados de uma reflexão prévia onde apontamos as certezas provisórias e as dúvidas temporárias presentes em nossa atividade pedagógica com alunos dos(as) anos(séries) finais do ensino fundamental, de acordo com o que segue abaixo:

CERTEZAS  PROVISÓRIAS                               DÚVIDAS TEMPORÁRIAS
Dificuldade de concentração                               Causa orgânica e/ou influências do meio
Interesses diversos                                            O que interessa aos alunos?
Adolescentes? problema (família - indisciplina)          Acompanhamento familiar na vida do filho
Falta de coesão                                                 Interferência na falta de atenção
Lideranças negativas                                          Lideranças negativas: modelo de comportamento
Desinteresse cultural                                          Não buscam enriquecimento cultural
Influências da tecnologia midiática                       Quanto a tecnologia  afeta negativamente