APRENDIZAGEM
Sabe-se que a aprendizagem inicia com a capacidade de
identificar objetos, símbolos e sons e prossegue, imediatamente, com o
desenvolvimento da linguagem.
A linguagem visa alcançar o conhecimento da cultura na qual cada um de nós está inserido e,
dessa maneira, sistematizar o processo formal de aprendizagem.
De acordo com Vygotsky (1978)," todas as
funções psicológicas superiores são geradas na cultura da nossa aprendizagem e
respondem não só a um desenho genético, mas principalmente a um desenho
cultural. Assim, em observação ao nosso sistema orgânico e psíquico, somos 'projetados' para captarmos de forma rápida, clara e concisa as informações acerca
da nossa cultura, bem como seus usos e costumes."
Tendo em vista que cada pessoa é unica e possui experiências pessoais próprias, a aprendizagem torna-se um processo exclusivo e diferenciado para cada ser humano. Entretanto, considera-se que existem esquemas gerais de aprendizagem (sistema orgânico) que possibilitam o trabalho das escolas e dos estudos científicos. Vale destacar que a capacidade de simbolização e conceituação (aprendizagem propriamente dita) é específica do ser humano.
As experiências pelas quais o indivíduo passa podem ser organizadas em cinco níveis hieráriquicos, conforme sua complexidade, sendo que cada uma destas experiências está vinculada à vivência do nível anterior.
De acordo com Fernandèz (1991), "a aprendizagem baseia-se em hierarquia de experiências, dá-se em espiral dialética, com funções superpostas e interligadas." Nesta escala, em ordem crescente de complexidade, o processo de aprendizagem necessita passar pela sensação, percepção, formação de imagens, simbolização e conceituação.
PERCEPÇÃO - está relacionada à interpretação do
estímulo e preparação de resposta. A eficiência da percepção depende de que o
aparato neurológico seja capaz de converter, adequadamente, as sensações em
impulsos elétricos. Apesar de ser um comportamento neurologicamente superior à
sensação, do ponto de vista psicológico é, ainda, extremamente rudimentar. No
entanto, é baseado na percepção que o indivíduo irá formar imagens.
FORMAÇÃO DE IMAGENS - refere-se aos processos de memória já que corresponde a um registro de aspectos
das experiências vividas. As imagens formadas não se restringem apenas ao nível visual; são
registros de percepções oriundas de quaisquer dos órgãos dos sentidos, tais como os sons sociais não verbais
(ruídos de automóveis e máquinas, vozes de animais, etc), odores
característicos de diversas coisas, os sabores típicos dos diferentes
alimentos, texturas de objetos, assim como também a percepção social, ou seja,
expressões faciais e corporais percebidas em várias situações.
SIMBOLIZAÇÃO - essa habilidade é exclusiva do ser humano e corresponde à capacidade de
representar uma experiência de forma verbal ou não verbal. As simbolizações não
verbais verificam-se através de símbolos visuais ou auditivos, em manifestações
artísticas, musicais, religiosas e patrióticas, incluindo as
capacidades de avaliar e recordar situações, emitindo julgamentos do tipo:
perto – longe – grande – pequeno – alto – baixo – cheio – vazio – depressa –
devagar, etc. As simbolizações verbais estão relacionadas a palavras. O ser
humano apresenta três sistemas verbais: falado, escrito e lido. Tanto na
história da espécie como no desenvolvimento de cada indivíduo, o primeiro
destes sistemas a se instalar é o falado. A maturidade
psiconeurológica aqui exigida é menor do que nos sistemas lido e escrito. Algumas
modificações relativas a estes sistemas verbais podem ser observadas em
circunstâncias especiais, como a linguagem de sinais utilizada pelos surdos
(libras) ou o Braille, código de escrita utilizado pelos cegos. A conquista da
habilidade de simbolizar abre caminho para o domínio da conceituação.
CONCEITUAÇÃO - é o nível mais complexo do
processo mental, o qual capacidades de abstração, classificação e
categorização. É preciso observar que conceituar e abstrair não são sinônimos.
A abstração contrapõe-se à concretização, pressupondo um maior grau de
distanciamento em relação a uma circunstância observável. Ainda assim, a
experiência abstraída pode ser e em algum momento certamente foi observada. No
entanto para conceituar, também é necessário classificar e categorizar.
Fontes:
SOARES, Dulce Consuelo R. O Cérebro x Aprendizagem. Disponível em http://www.profala.com/arteducesp67.htm
SOARES, Dulce Consuelo R. O Cérebro x Aprendizagem. Disponível em http://www.profala.com/arteducesp67.htm
FERREIRO,
E.; TEBEROSKY, Ana. Psicogênese da língua escrita. Buenos Aires. Art
Méd: 1979
FERNÀNDEZ,
A. A Inteligência Aprisionada – abordagem psicopedagógica clínica da
criança e sua família. Porto Alegre. Art Med, 1991.
PIAGET,
Jean. Biologia e Conhecimento. 2ª Ed. Vozes : Petrópolis, 1970.
POLLACK,
Robert. Signos da vida. A linguagem e os significados do ADN. Rio de
Janeiro: Rocco, 1997.
VYGOTSKY,
L. A Formação Social da Mente; [organizadores Michael Cole... [et all;
tradução José Cipolla Neto, Luís Silveira Menna Barreto, Solange Castro Afeche]
– 5ª edição São Paulo: Martins Fontes, 1978.
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